Sabe aquele livro que todo mundo tá comentando, você acha a capa bonita e a sinopse super te intriga? Aí você, que além de tudo também quer variar um pouco o gênero do que está lendo, vai lá e compra o livro e o coloca na fila de espera para ler, porque você está lendo outro livro no momento. E aí você cada vez mais passa outro livro na frente dele e não consegue entender porque ainda não consegue ler aquele, e quando recebe um empurrãozinho pra ler, ao terminar você se pergunta "Por que eu não li esse livro antes?".
Sim, foi essa a minha experiência com o livro "Toda Luz que não podemos ver", de Anthony Doerr, vencedor do Pulitzer 2015.
Comecei a ler por conta de um desafio literário e, confesso no começo senti aquela pressão pra terminar e a leitura não fluiu, mas depois que coloquei na mente que deveria ler por mim mesma e não pelo desafio, a leitura engrenou e eu simplesmente devorei o livro. (Odeio ler por obrigação).
O livro tece de maneira excepcional os acontecimentos na infância e adolescência dos dois personagens principais até o momento em que se encontram. Narra de maneira tocante os momentos vividos por eles e como a vida das pessoas foi modificada e moldada por este episódio na história da humanidade.
"Abram os olhos e vejam o máximo que puderem antes que eles se fechem para sempre."
Sinopse: Um romance sobre autopreservação e generosidade em meio às atrocidades de uma guerra que jamais deve ser esquecida. Marie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu. Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure, enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial. Uma história arrebatadora contada de forma fascinante. Com incrível habilidade para combinar lirismo e uma observação atenta dos horrores da guerra, o premiado autor Anthony Doerr constrói, em Toda luz que não podemos ver, um tocante romance sobre o que há além do mundo visível.Ganhador do Prêmio Pulitzer de Ficção 2015 Best seller VEJA (amazon.com.br)
Sempre gostei de livros que contam histórias baseadas em relatos reais de fatos históricos, e sinceramente posso dizer que este foi o livro mais impactante que li nesses termos. É história de sobrevivência de tantas pessoas que mesmo nos momentos mais aterrorizantes não perderam a fé. É a história de como nem sempre (infelizmente ainda hoje) somos donos de nossa própria vida.
"Seu problema, Werner - diz Frederick - , é que você ainda acredita que a sua vida lhe pertence."
Uma das passagens que mais me chamou a atenção (e foram muitas) foi uma das conversas de Werner com a irmã mais nova.
"- Você sabe o que eu costumava escutar? No nosso rádio? Antes de você o destruir?
- Shhh, Jutta. Por favor.
- Transmissões de Paris. Eles diziam o oposto de tudo o que a Deutschlandsender diz. Diziam que somos demônios. Que estamos cometendo atrocidades. Sabe o que significa esta palavra, atrocidades?
- Por favor, Jutta.
- É certo - pergunta Jutta - fazer algo apenas porque todas as outras pessoas estão fazendo?"
O mais interessante do livro é que o autor não se prende apenas nas histórias dos dois, Marie-Laure e Werner, mas retrata o impacto de suas vidas na vida de outras pessoas, como seus familiares e amigos.
Quando se fala em Segunda Guerra o que vêm a mente das pessoas é principalmente o sofrimento dos judeus e o Holocausto, porém neste livro vemos um outro lado. Podemos dizer que vemos como tudo começou.
Não apenas uma história fictícia ambientada em momento histórico tenso, mas um livro para se ler e reler. Não vou dizer que este livro mudou minha vida, mas ele com certeza me ensinou muitas coisas e me ajudou a enxergar algumas coisas por outra perspectiva.

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